O debate sobre a diversidade de gêneros e inclusão nas escolas foi reforçado na manhã de hoje (07), durante reunião da Frente Parlamentar de Combate ao Preconceito e Discriminação da Câmara Municipal de Natal. Coordenada pelo vereador Fernando Lucena (PT), a Frente reuniu representantes dos movimentos LGBT, Ministério Público, Conselho Regional de Psicologia, Conselho Estadual de Saúde, populares e vereadores e destacou as consequências pela exclusão dos termos que tratavam sobre "diversidade" e "gêneros" no Plano Municipal de Educação.
Para Lucena, é preciso que se mantenha o assunto em discussão para que se desconstrua o estereótipo criado para distorcer a relação de gêneros com a escola. "A diversidade existe e tem que ser debatida porque o preconceito está matando, está assassinando e as pessoas precisam compreender o direito e a individualidade dos outros e a igualdade de gêneros, seja homem mulher, gay, lésbica, ou como se reconhecer", destaca o vereador. A ativista em defesa dos direitos travestis, Jaqueline Brasil, integrante do Conselho Estadual de Saúde, relatou que a sociedade ainda se nega a reconhecer a existência da diversidade de gêneros e, por isso, abominou qualquer abertura para a inclusão nas escolas. "Quando se discute gênero gera uma formação diferente de inclusão na sociedade, previne a violência, a intolerância e o preconceito e cria um cenário social diferente para o futuro", ressaltou a ativista.
As queixas nos serviços de saúde que atendem pessoas vítimas de preconceito têm aumentado constantemente, segundo o secretário do Conselho Regional de Psicologia, Rodrigo Oliveira. Ele disse que a maior parte dos problemas ocasionados pela intolerância e preconceito resultam num quadro de depressão. "Há um aumento expressivo da queixa de violência relacionada a esse problema e é visível nos serviços de saúde. Quando a temática não é discutida, a violência doméstica se propaga, muitas vezes silenciosa, começando em casa e se estendendo para a rua, espaços públicos e escolas, onde o problema deve ser combatido", avalia o psicólogo.
A promotora da violência doméstica, Érica Canuto, ressaltou que a orientação de gêneros nas escolas não se restringe ao homossexualismo, mas se estende à igualdade dos direitos da pessoa, seja ela homossexual, mulher ou homem. "Temos um plano municipal de educação que diante de uma ação de violência se cala. Precisamos dar espaço a essas pessoas, garantir a fala. A Escola tem o dever de dar uma resposta à homofobia e especificamente à violência contra a mulher. Pode ser capacitando professores, oficinas, falar do assunto, prevenir, enfrentar a violência. Foi uma derrota esse plano municipal e estadual de educação, mas também não há proibição de as escolas e professores falarem sobre o assunto", destacou a promotora.
Texto: Cláudio Oliveira
Fotos: Marcelo Barroso
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