O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) foi a primeira unidade escolhida para a implantação do Projeto Odontologia Hospitalar, que leva tratamento odontológico a pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). A iniciativa é pioneira no nordeste e, entre outros objetivos, proporciona a melhoria da qualidade de vida dos doentes, diminui em cerca de 30% o tempo de internação e reduz custos hospitalares com medicações (antibióticos).
O coordenador do Projeto no HMWG, o cirurgião bucomaxilo, Eimar Lopes de Oliveira, explica que os procedimentos realizados pelos dentistas vão desde a drenagem de abscesso, extração de raízes contaminadas e tratamento de ferimentos nas mucosas – na parte interna da boca. O trabalho tem mostrado seu diferencial. Uma cirurgia cardíaca, por exemplo, só pode ser realizada se houver liberação do cirurgião dentista. “É ele quem faz a avaliação oral do paciente e quem identifica se há focos de infecção ou lesões de uma forma geral, pois, se mal tratadas, as infecções encontradas na boca dos cardiopatas podem causar endorcadite bacteriana (infecção do músculo cardíaco) e evoluir, levando o paciente ao óbito”, alerta.
O presidente do Sindicato dos Odontologistas, Ivan Tavares Farias Júnior, diz que “atualmente a equipe está composta por 10 dentistas que assistem os internos de quatro (das cinco) UTIs do Walfredo Gurgel, totalizando 39 pacientes beneficiados diariamente”.
Somente a especialização em cirurgia bucomaxilo não habilita o profissional para atuar em uma UTI, no ramo da odontologia hospitalar. A qualificação é obtida através de um curso de especialização na área, que dura 15 meses. A primeira turma formada no Rio Grande do Norte contou com 39 dentistas, que atuaram junto aos pacientes das enfermarias do Walfredo Gurgel.
A diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pereira Soares, conta que “o trabalho já é reconhecido como indispensável por diferentes profissionais, colegas de setor, que compõem as equipes das UTIs. Eles já entenderam a importância da presença do dentista e já dão muito apoio ao trabalho”, diz.
A enfermeira da UTI Bernadete, Elizabeth Couto, tembém avalia o projeto como positivo. “É mais um profissional para integrar a equipe com um olhar diferenciado para o paciente, que realiza a higienização correta da boca do doente, identifica patologias orais, discute os casos com as equipes e com os familiares, enfim, nós e o paciente só temos a ganhar”.
Eimar Lopes conta que no sudeste do país essa prática já existe há muitos anos. Contudo, somente em 2008 houve a criação das primeiras comissões hospitalares de odontologia. No RN, o projeto teve início neste ano. Atualmente equipes de Odontologia Hospitalar também atuam nos hospitais Santa Catarina, João Machado, Maria Alice Fernandes, Deoclécio Marques de Lucena, Regional de São Paulo do Potengi, de Currais Novos e de Pau dos Ferros.
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