"Se balançar vai cair", ironizou Maria do Livramento Leal da Silva, 38, ao falar da situação que enfrenta na casa onde mora, na esquina da avenida Moema Tinoco da Cunha Lima com a rua Santa Rita de Cássia, em Pajuçara, zona Norte de Natal. Ela pertence a uma das várias famílias que sofre com a situação crítica que ocorre na região. Na avenida, um buraco que já completou o quarto aniversário foi tampado, mas o problema continua. Basta chover que fica tudo alagado. Não existe escoamento da água, o que prejudica os moradores da localidade. O alagamento na avenida prejudica até o cemitério Municipal de Pajuçara.
A casa de Maria é a mais prejudicada. Para conter a força da água foi construído um muro de contenção que não é suficiente. Maria e outros três parentes residem na casinha branca que está mudando de cor por causa da lama jogada nas paredes pelos carros que passam na via. A residência corre o risco de desabar quando chove. "O terreno fica muito úmido. É uma situação muito difícil. A água entra, invade o quintal, ninguém consegue sair de dentro de casa e o nosso lar ainda pode desabar porque as paredes do lado de dentro não foram rebocadas. Imagine só o que passamos?"
Na rua Santa Rita de Cássia, o que se vê é uma lagoa formada em um buraco antigo. Sem calçamento a rua dá acesso ao conjunto Brasil Novo, o principal caminho de muitos moradores da região.
Orar tem sido a única atitude que Maria tem feito para tentar conter a força da água e a ineficiência do poder público. "Ao começar a chover. Eu me ajoelho e oro", revelou a evangélica.
Maria não está sozinha nesta luta, quem passou ontem à tarde pela localidade de carro, diminuía a velocidade ao perceber a reportagem da TRIBUNA DO NORTE . As pessoas reclamaram muito. "É o buraco do Lula", gritou um motorista."Ninguém aguenta mais isso", disse outro condutor que também quis expressar a indignação.
O morador Tiago Nascimento, 25, disse que a família não tem mais a quem recorrer. "No ano em que o presidente da República (Lula) esteve aqui em Natal para inaugurar a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) fizeram uma maquiagem, mas o Lula foi embora e tudo continua assim".
Thiago lembrou que a avó precisou demolir a casa onde morava porque a água invadia tudo. "Não tem escoamento e, portanto, foi necessário que minha avó construísse uma outra casa no fundo do terreno para não alagar, mas mesmo assim, a água ainda entra. Ficamos em estado de alerta quando chove".
Roberto Nascimento, 41, também mora na localidade e descreveu a "via crucis". "Andamos a pé por aqui, pegamos ônibus, descemos do transporte e quando chove não tem a mínima condição. O ônibus precisa parar antes da parada (que é imaginária, porque não tem cobertura). A gente se molha, os carros precisam desviar o caminho. Tudo isso é um descaso muito grande".
A TRIBUNA DO NORTE procurou o secretário da Secretária Municipal de Obras Públicas e Infra-estrutura (Semop) Sueldo Florêncio que informou que a área em questão é de jurisdição do Departamento de Estradas e Rodagens (DER).
Questionado sobre a rua Santa Rita de Cássia, Sueldo disse que a água não escoa porque não tem por onde sair. "A via está pavimentada (Moema Tinoco). Temos uma obra compartilhada (entre prefeitura e governo) que pode até contemplar a drenagem. Vamos trabalhar naquela região".
Jonas Barbosa, diretor de obras e operações do DER afirmou que o problema só será solucionado com o início das obras no local
(projeto Pró-transporte). "O projeto estava paralisado e deve ser retomado. Por enquanto, não tem oque fazer porque não existe escoamento da água. É um problema crônico".
Fonte: Tribuna do Norte
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