terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Projovem Trabalhador // Paralisação do projeto revolta população da África

"Sem casa, sem projeto, sem nada. Só sobrou a nossa vontade". É assim que encaram os moradores da Comunidade da África, localizada no bairro da Redinha, Zona Norte de Natal, com relação ao fechamento da instituição que abrigava o Projeto Jovem Trabalhador, regido pela gestão municipal. Segundo o secretário e ativista social da comunidade, Laurindo Nascimento Patrício, de 31 anos, a casa era um ponto de apoio para os moradores da região, que sofrem com a exclusão social e o constante uso de drogas e adesão à criminalidade.


Moradores disseram que ponto foi tomado por usuários de drogas. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
"Se esse projeto não permanecer aqui na comunidade, os jovens ficam à mercê de si próprios e nós sabemos que não é bom que isso ocorra", afirma Laurindo. Segundo ele, o proprietário da casa, João Maria Barros, que está numa viagem de trabalho, alegou que o prédio está com cinco aluguéis em atraso. Além disso, a bolsa de auxílio e incentivo aos participantes do Projovem Trabalhador, equivalente a R$ 100 mensais durante seis meses, não foi repassado aos alunos. Procurado pela reportagem, o secretário titular da pasta do Trabalho e Assistência Social, Alcedo Borges, afirmou que os aluguéis serão regularizados logo que seja aberto o orçamento municipal. 

Na casa de João Maria, localizada na Rua da Gameleira, na Comunidade da África, eram realizadas atividades sociais como capoeira, dança, bordado e esportes, bem como eram oferecidos diversos cursos para especialização e qualificação de jovens entre 18 e 29 anos, membros de famílias com renda per capta de até meio salário mínimo. Agora, o local que foi deixado pela prefeitura, há pouco mais de um mês, já foi arrombado e vários usuários de droga se utilizam do quintal e dos becos laterais do prédio.

De acordo com Laurindo, já foram removidas da escola todas as carteiras, quadros e materiais que pertenciam a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas) e a chave da casa ainda não foi devolvida. "Fica difícil coibir a ação dos vândalos se não temos a chave em nossas mãos. Sem contar que muita coisa está deteriorada", afirma.

Entrando na parte posterior da casa através da porta arrombada, onde fica o quintal, era possível ver a piscina quebrada e portas com tentativa de arrombamento, sem contar que já era possível perceber o processo de pilhagem. "Queremos todos os aluguéis em atraso pagos com urgência e a chave em nossas mãos com a casa devidamente restaurada. Na verdade, o que nós queríamos mesmo era que o Projovem Trabalhador não saísse da casa, pois são mais de 100 pessoas beneficiadas", afirma Laurindo.

O local que antes dava lugar a regeneração social de jovens da Comunidade da África começou a servir de abrigo para que a criminalidade seja disseminada pelo bairro. A dona Francimar Pereira, de 42 anos, tem um filho de 18 anos que participava do projeto. Hoje, sem essa possibilidade, o garoto está ocioso e sente falta do projeto. "O que ele tem para usufruir aqui na comunidade é só violência", disse a mãe. 


Fonte : Diário de Natal Cidades
Edição de terça-feira, 7 de fevereiro de 2012 

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