sábado, 8 de novembro de 2008

Os prenúncios da vitória de Obama

Os prenúncios da vitória de ObamaPor: Geraldo Pinto*
1 - O Fim do reinado dos Bush
Chega ao final o processo eleitoral mais badalado do planeta: a escolha para presidente dos Estados Unidos da América. Barack Hussein Obama II, descendente de quenianos é eleito o primeiro presidente negro da maior potência mundial, em meio a uma gravíssima crise econômica com proporções globais.
Está encerrado também o ciclo neoliberal inaugurado com a vitória de Ronald Reagan em 1980, que em dobradinha com a dama de ferro inglesa Margareth Thatcher dominou o pensamento mundial nas décadas de 80 e 90 do século XX. Os preceitos do vale-tudo para o mercado e da completa ausência do estado na economia foram sepultados com a crise da bolsa e a quebradeira dos bancos americanos e europeus. Há dezoito anosjá tinham sido sepultados o estado totalitário e ausência de escolhas com a queda do muro de Berlim. Vale ressaltar que durante os dois governos de Reagan Papa Bush era o vice-presidente e sucedeu o próprio Reagan, ficando no poder de 1981 a 1993.
Está retomado o processo iniciado por Bill Clinton (o primeiro presidente depois das Guerras Mundiais a não ser veterano de guerra), de estabelecer um novo posicionamento dos Estados Unidos no cenário mundial. O projeto de reformas educacionais, restrição à venda de armas, fortalecer leis de proteção ao meio ambiente reduzir barreiras comerciais e mediar conflitos internacionais (em especial o conflito entre Israel e o mundo árabe) foi interrompido pela fraude eleitoral de 2000, quando Al Gore, apesar de ter mais votos populares foi declarado perdedor para Litlle Bush numa apuração que demorou dias e onde as cédulas da Flórida (cujo governante era também outro filho de Papa Bush) ficaram sob suspeita.
A vitória do democrata Obama encerra a hegemonia dos BUSH. Mesmo John McCain queria distância de Papa e Litlle de Bush. Encerram-se quase três décadas de poder: Papai Bush foi vice de Reagan de 1980 a 1989, o qual sucedeu como presidente (1989 a 1993), interrompido pelos oito anos de Clinton, o clã retomou a presidência com Little Bush (2001 até janeiro de 2009). Tanto a presença do BUSH pai como o do Little Bush significaram a busca incessante por unir a indústria petrolífera com a indústria armamentista, a qualquer custo.
Declarações de "eixos do bem e do mal" e uma desenfreada especulação financeira, provocaram declarações de Guerra, desemprego, recessão econômica e um descaso com a ONU, com os organismos internacionais e com o multilateralismo. A sociedade industrial, tecnológica e economicamente mais desenvolvida do planeta vive várias contradições neste final de primeiro décimo de século XXI. A "América" já não é mais a queridinha das colônias do centro e do sul, muito menos da Europa Ocidental e está em guerra com o mundo islâmico. Com a crise financeira que realizou os lucros dos capitalistas e socializou os prejuízos, levando o estado a inserir trilhões de dólares para "evitar a quebradeira" ficou claro o produto final do reinado de Alan Greenspan à frente do Banco Central americano.
Especular com informações é a forma de surrupiar o estado e enganar os idiotas que acreditaram na "mão invisível" do mercado. Sem regulação, o laissez-faire dado aos "investidores" terminará sempre em especulação, sem respeito aos organismos e tratados internacionais, o mundo assistirá o proliferar de guerras, agressões ao meio-ambiente, intolerâncias culturais, étnicas, religiosas e a busca imperialista de impor um padrão através das armas.
Conseguirá Barack reverter este quadro? O mundo espera ansioso e torce para que Hussein Obama consiga.
(*) Geraldo Pinto é geólogo e presidente do PT-RN

Vitória de Obama é um estímulo à elevação da auto-estima do povo negro

Vitória de Obama é um estímulo à elevação da auto-estima do povo negro

O ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, comentou à Construindo um Novo Brasil, nesta quinta-feira (06)a eleição do presidente estadunidense Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos. De acordo com o ministro, a escolha de Obama neste momento de crise é uma sinalização positiva para o mundo todo. "A população negra, que teve uma história de segregação, de perseguição e de negação de direitos nos Estados Unidos há menos de 50 anos, hoje, tem a condição de eleger um presidente negro, superando toda uma fase quando o negro era associado a tudo de ruim, associado a incapacidade de raciocinar e de gerir até mesmo a sua vida. É uma sinalização importante para os negros americanos, para o povo americano e de uma forma é uma sinalização para nós brasileiros", destacou Edson.
Ele lembrou que o Brasil é o país fora da África com o maior número de negros. Para o ministro, o significado do pleito nos EUA ainda pode ser considerado como uma mensagem positiva para a população negra. "Negros que encontram-se ainda, na sua grande maioria, na base da pirâmide social de nosso país, é um estímulo para elevar sua auto-estima e lutar para ocupar condições mais qualificadas na vida", salientou.
Em relação a expectativa da administração Obama, o ministro avaliou que primiero é preciso pensar em "arrumar a casa" e resolver o problema da crise econômica americana que afeta o mundo todo. "Mas em segundo lugar eu espero que haja uma relação mais democrática, respeitando a autodeterminação dos povos da África e da América Latina e que se suspenda o embargo econômico à Cuba", disse.
Edson Santos também espera que o governo de Obama sirva para melhorar a imagem dos EUA no mundo. "Acho que quanto às relações dos Estados Unidos com o mundo é possível, a partir do Obama, melhorar a imagem do governo americano que hoje tem a política do cacetete, do grande porrete. É invasão do Iraque, ocupação do Afeganistão, ataque ao Irã. Eu espero que com Obama isso mude, que os Estados Unidos tenha, inclusive, como referência para a solução de impasses internacionais, a Organização das Nações Unidas, pois sabe-se que Bush ignorou-a solenemente no seu período de governo", ressaltou.
Relembrando o sonho de Martin Luther King Jr., no começo dos anos 1960, de que negros e brancos sejam considerados iguais em direitos e livres, Santos lamentou que ainda hoje exista grande parcela da população negra vivendo em condições de pobreza e miséria. "A questão do conceito de liberdade no seu sentido mais amplo pressupõe que a pessoa tenha a condição de se manter e manter a sua família. Nesse aspecto ainda existe uma parcela importante da população negra que não está totalmente livre", frisou.
Mas o ministro tem a esperança de reverter essa situação. "Fazemos parte do governo deste país, e a gente tem que ter sempre bem claro o nosso papel, a nossa missão, sempre em busca da construção de um ambiente que propicie a melhoria das condições de vida do nosso povo". Com o ingresso na classe C de uma parcela da população, 20 milhões de pessoas que vieram das classes D e E - e aí está uma grande parte da população negra - que têm se beneficiado com as políticas desenvolvidas pelo governo do presidente Lula, Santos já atesta uma melhoria das condições de vida da população mais pobre, e com isso impactando positivamente a população negra.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Desafio é impedir bloco anti-PT de se alastrar pelo Brasil

31/10/2008
Desafio é impedir bloco anti-PT de se alastrar pelo BrasilPor: José Dirceu*
Apurados os votos não foi dessa vez que a oposição venceu. Ao contrário, no balanço geral perdeu e feio. 72% dos eleitos são da base governista. O PMDB e o PT são os grandes vencedores - cada um elegeu seis prefeitos de capitais. Nas 26 onde houve eleição, 20 prefeitos eleitos ou reeleitos são da base governista.
Se somarmos o número de prefeitos do PMDB, cerca de 1.200, a maioria nas pequenas cidades, aos 559 do PT, a maior parte nas médias e grandes, veremos que os dois tiveram cerca de 50 milhões de votos. É fácil entender, portanto, porque é tão importante a aliança entre o PT e o PMDB. E porque o governador tucano José Serra fez questão de aliar-se ao PMDB do antes arquiinimigo Orestes Quércia em São Paulo, que indicou a vice-prefeita de Gilberto Kassab em troca do compromisso de ter a vaga de candidato ao Senado na coligação PSDB-DEM em 2010.
Não foi dessa vez que a oposição e grande parte da mídia levaram o país ao medo e a desesperança. Foram inúteis suas tentativas de envolver os eleitores num clima de pânico e pessimismo por causa da crise internacional e seus efeitos no Brasil. O eleitorado, não se deixou contaminar, votou e deu ao presidente Lula, a seu governo, ao PT e demais partidos de sua base um voto de confiança.
A mídia, que dirigiu a oposição e pautou seu discurso nas eleições, seja no Rio, seja em São Paulo, sem escrúpulos e numa violação aberta da legislação eleitoral tomou partido, apoiou candidatos, interferiu nos debates, pressionou a justiça, desconstituiu candidaturas, mas não levou. Não elegeu o deputado Fernando Gabeira, da coligação PV-PSDB no Rio, apesar da vitória de Gilberto Kassab, do ex-PFL-DEM-PSDB em São Paulo.
Infelizmente não temos só o problema do poder econômico ou do uso da máquina pública nas eleições. Cada vez mais fica evidente o papel da mídia e o uso e abuso de seu poder de monopólio a favor da direita e da oposição ao projeto político que o PT e Lula encarnam. Essa verdade que não dá para esconder. Chegou a hora não só da reforma política para combater o caixa 2 e o uso da máquina, mas também o abuso do monopólio da mídia e sua interferência nas eleições a favor de candidaturas e propostas políticas.
Em São Paulo, no Rio, e de certa forma no Rio Grande do Sul e no Paraná a direita conservadora, com apoio da mídia construiu um bloco social e uma coalizão política contra Lula e seu governo, contra o PT e seus aliados, apoiada num discurso falsamente moralista de resgate da velha UDN, e no antipetismo. Dividiu o eleitorado em termos de renda, escolaridade, idade, região e moradia, procurando nos isolar das camadas médias da sociedade e penetrar no eleitorado popular, apoiada na máquina dos governos e no apoio da mídia ou da propaganda eleitoral.
Esse é o maior desafio que temos pela frente: impedir que essa tendência se expanda para o Brasil e, ao mesmo tempo, reconquistar os setores da nova classe média altamente favorecidos pelo governo Lula, que abraçaram um discurso preconceituoso e antipetista.
A vitória de Serra e de seu candidato em São Paulo - atenuada pelo avanço do PT na Grande São Paulo e no interior - e a tentativa de eleger Gabeira, consolidam a aliança PSDB-DEM-PPS-PV para 2010, e fortalecem a candidatura Serra à presidência da República pelo PSDB. Mas ele ainda precisa derrotar o governador de Minas, Aécio Neves ou atraí-lo para uma vice-candidatura. Sem Minas, o Rio e o Nordeste - estados/região onde não tem votos - dificilmente Serra vencerá em 2010.
A definição de 2010, não se deu nessas eleições. Depende de como o governo e o PT vão equacionar a crise. E a coligação para 2010 depende de como vamos enfrentar essa santa aliança da mídia com a oposição, de nossa capacidade de renovar e reformar o PT e sua política, e de construir um programa e uma coalizão que representem para o povo uma continuidade, sem Lula, do projeto político de desenvolvimento que ele retomou e representa referendado pelo povo em 2006 e agora em 2008.
(*) José Dirceu é ex-ministro-chefe da Casa Civil
Artigo publicado no Jornal do Brasil em 30/10/2008.


Comentários
Wilson Cotrim
01 novembro 2008
Muito oportuno o artigo de Zé Dirceu. De fato, não podemos imaginar que a grande mídia seja imparcial, mesmo porque representa o pensamento do poder econômico e não tem preocupação alguma com a melhoria do nível de vida da maioria dos brasileiros. É preciso urgentemente que se promova um debate a nível nacional sobre a chamada "liberdade de imprensa". Num mesmo fórum, as Entidades, as Associações, as Igrejas e os vários Organismos de defesa da pessoa humana devem ser chamados para um debate com repercussão nacional e internacional sobre o papel dos Meios de Comunicação e sua parcialidade, interferindo de modo manipulador na direção das políticas sempre em defesa do grande capital. É bom o governo repensar, inclusive, no fechamento da torneira da publicidade para a Mídia que atua pregando o terror nos Meios que são do povo, pois os mesmos são apenas concessões que podem ser retiradas, a qualquer momento, das mãos dos manipuladores por ordem do governo federal.
erton
01 novembro 2008
Avaliação de conjuntura exata.