sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Nordestinos vão trabalhar em SP

Campinas (AE) - Mesmo em unidades deficitárias e com condições precárias, médicos do Nordeste contratados pelo programa Mais Médicos, do governo federal, para trabalhar na rede básica de saúde de Campinas, interior de São Paulo, ficaram surpresos com as condições estruturais encontradas. “A estrutura local é bem melhor do que aquela que eu conheci no Ceará. Acho que a demanda aqui será menor do que a que eu convivia lá”, conta o médico cearense Rui Porto, de 29 
anos. A mesma opinião é a do médico Roberto Leitão, de 28 anos, que veio de João Pessoa (PB). Ele começou a trabalhar no Centro de Saúde do Jardim Lisa, onde há apenas dois médicos para 6,1 mil habitantes. “A unidade ainda vai passar por reforma, mas é bem superior a que eu conhecia.” Ontem, os três profissionais do programa Mais Médicos conheceram as unidades onde vão trabalhar em Campinas, mas não atenderam pacientes - o que deve ocorrer a partir de segunda-feira. São áreas periféricas da cidade, com alta demanda de atendimento, equipes ainda incompletas e localizadas em bairros com problemas de tráfico e violência.

Porto, que se formou em Medicina em julho deste ano, veio de Fortaleza. Ele passou o primeirodia de trabalho no Centro de Saúde da Vila Boa Vista, periferia de Campinas, sem vestir o jaleco. “O primeiro dia foi para conhecer as equipes, os dados do distrito, os procedimentos aqui do centro”, conta.

Estrangeiros que ainda estão em treinamento só começam a trabalhar no Rio Grande do Norte na segunda quinzena de setembro

O médico cearense recém-formado será um dos dois médicos generalistas do Programa Saúde da Família do CS Boa Vista, unidade que atende uma região de 12,2 mil habitantes e vive lotada. Outro problema local é o tráfico de drogas, que domina o bairro onde a unidade está instalada.

“O problema aqui é que falta médico. Viemos trazer meu cunhado que machucou o pé e disseram que não havia médicos para atender o caso dele. Pediram para irmos a um pronto socorro ou um hospital”, conta a dona de casa Neusa Nascimento, de 60 anos. “Um médico a mais é bom, mas não resolve o problema.”

No CS Boa Vista há oito médicos ao todo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. “No meu Estado cheguei a fazer atendimento em casas de barro. Faltam equipamentos, remédios”, afirma Porto. “Acho que o maior problema para se contratar médicos na rede pública não é o salário, é a falta de uma carreira de Estado, auxílio para a família e para o profissional”, o médico cearense.
Fonte: Tribuna do Norte.

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