terça-feira, 8 de setembro de 2009

Lula pede ao povo brasileiro que entre de corpo e alma no debate do petróleo


Lula pede ao povo brasileiro que entre de corpo e alma no debate do petróleo

O presidente Luíz Inácio Lula da Silva pediu, durante o pronunciamento em rede nacional de rádio e TV no domingo (6) que a população acompanhe de perto as discussões sobre os projetos de lei que garantem ao Brasil as riquezas do petróleo encontrado na camada de pré-sal. Os projetos precisam ser aprovados no Congresso.

"Peço a cada um de vocês que acompanhe passo a passo as discussões destas leis no Congresso. Que se informe, reflita, e entre de corpo e alma nesse debate tão importante para os destinos do Brasil e para o futuro de nossos filhos e netos”, afirmou.

"Uma democracia só se fortalece com a participação da sociedade. Por isso se mobilize, converse com seus amigos, escreva para seu deputado, seu senador, pra que eles apoiem o que é melhor para o Brasil", disse.

Lula, que chamou a descoberta do petróleo de nova independência, disse que conta com “o apoio livre e soberano do Legislativo” na construção do “novo Brasil”.

De acordo com o presidente, a proposta “garante que a maior parte da riqueza do pré-sal fique nas mãos dos brasileiros” e “impede que qualquer governante gaste de forma irresponsável estes recursos.”Segundo ele, o modelo de concessão que foi adotado em 1997 não se adaptava à nova situação e que seria um erro “grave” usá-lo para o pré-sal. O presidente disse que a nova legislação obriga o investimento do dinheiro resultante do petróleo "em educação, ciência e tecnologia, cultura, defesa do meio-ambiente e combate à pobreza."

Durante o discurso, Lula também elogiou a Petrobras pela descoberta das reservas. “A Petrobras de hoje é a cara deste novo Brasil. É a oitava maior empresa do mundo. Não existe nenhuma empresa, na Europa, do tamanho dela”, afirmou.

O presidente também falou sobre como a crise internacional afetou o Brasil. “Temos uma economia organizada e em crescimento, que foi testada na mais grave crise internacional desde 29 e saiu-se muito bem. Não só não quebramos como fomos um dos últimos países a entrar na crise e estamos sendo um dos primeiros a sair dela. Antes, éramos alvo de chacotas e de imposições. Hoje, nossa voz é ouvida lá fora com atenção e respeito”, disse.

Leia a íntegra do pronunciamento

"Queridas Brasileiras e Queridos Brasileiros,

É comum que o 7 de setembro sirva para a gente enaltecer o passado e pensar o presente. Desta vez é diferente: este é o 7 de setembro do Brasil festejar o futuro. De celebrar uma nova independência.

Esta nova independência tem nome, forma e conteúdo. Seu nome é pré-sal; seu conteúdo são as gigantescas jazidas de petróleo e gás descobertas nas profundezas do nosso mar; sua forma é o conjunto de projetos de lei que enviamos, há poucos dias, ao Congresso Nacional. E que vai garantir que esta riqueza seja corretamente utilizada para o bem do Brasil e de todos os brasileiros.
Peço a cada um de vocês que acompanhe passo a passo as discussões destas leis no Congresso. Que se informe, reflita, e entre de corpo e alma nesse debate tão importante para os destinos do Brasil e para o futuro de nossos filhos e netos.
Posso resumir em duas frases a proposta do governo: de um lado, ela garante que a maior parte da riqueza do pré-sal fique nas mãos dos brasileiros; de outro, ela impede que qualquer governante gaste de forma irresponsável estes recursos. E mais: obriga que este dinheiro seja aplicado em educação, ciência e tecnologia, cultura, defesa do meio-ambiente e combate à pobreza.

Minhas amigas e meus amigos,

O pré-sal é uma das maiores descobertas de todos os tempos. Ainda não se pode dizer, com exatidão, quantos bilhões de barris de petróleo existem nele. Mas já se pode garantir, com toda segurança, que ele colocará o Brasil entre os países com maiores reservas de petróleo e gás do mundo.

Elas se espalham por uma área de 149 mil quilômetros quadrados, que começa no litoral do Espírito Santo e termina no de Santa Catarina. É uma área do tamanho do estado do Ceará.

As jazidas ficam debaixo de uma lâmina de água e de camada de sal, que, em alguns pontos, correspondem a dez morros do corcovado empilhados.

Minhas amigas e meus amigos,

O que deve fazer um povo livre, responsável e soberano ao receber tamanha dádiva de deus? Garantir que esta riqueza não escape de suas mãos, buscar os meios mais eficientes de explorá-la e modernizar suas leis para não repetir os erros de outros países.

A história tem mostrado que a riqueza do petróleo é uma faca de dois gumes. Quando bem explorada, traz progresso para o povo. Quando mal explorada, ela traz conflitos, desperdícios, agressão ao meio-ambiente, desorganização da economia e privilégios para uns poucos. Assim, alguns países pobres, ricos em petróleo, não conseguiram jamais sair da miséria.


Por isso, dei orientações bem claras aos ministros. Primeira: o petróleo e o gás pertencem ao povo brasileiro. Como no pré-sal, os possíveis sócios terão poucos riscos, eles não podem ficar com a parte da renda. Ela tem que ser do povo. Segunda orientação: o Brasil não pode ser um mero exportador de óleo cru. Vamos agregar valor aqui dentro, exportando derivados, como gasolina, diesel e produtos petroquímicos, que valem muito mais. Vamos construir uma poderosa indústria de equipamentos e serviços e gerar milhares e milhares de empregos brasileiros. Terceira orientação: não vamos nos deslumbrar e sair por aí, como novos ricos, torrando dinheiro em bobagens. O pré-sal é um passaporte para o futuro. Vamos investir seus recursos naquilo que temos de mais precioso e promissor: nossos filhos, nossos netos, nosso futuro.

Minhas amigas e meus amigos,

Os ministros seguiram estas diretrizes e honraram o compromisso com o povo brasileiro. A principal mudança que estamos propondo é que, nas áreas ainda não exploradas do pré-sal, passe a vigorar o modelo de partilha. Quase todos os países que têm grandes reservas e baixo risco de exploração adotam este sistema. Ele garante que o estado e o povo continuem donos da maior parte do óleo e do gás mesmo depois de sua extração.

Estamos propondo, também, que a Petrobras seja a operadora de toda área. Ou seja, exerça atividades de exploração e produção, com uma participação mínima de 30% em todos os blocos.

Não podia ser diferente. Afinal, temos dentro de casa uma das maiores, melhores e mais respeitadas empresas de petróleo do mundo. Assim saberemos tudo sobre as reservas, aperfeiçoaremos nossa tecnologia e faremos da Petrobras uma empresa ainda mais forte.

Este trabalho será complementado pela Petro-sal, uma nova empresa estatal, enxuta e altamente qualificada, que vai gerir os contratos de partilha e os de comercialização. Ela não vai concorrer com a Petrobras. Sua função é outra - a de ser o olho do povo na fiscalização de toda operação.

Minhas amigas e meus amigos,

Hoje o Brasil tem todas as condições políticas, econômicas e tecnológicas para enfrentar este desafio. A economia do Brasil vive um novo momento. De 2003 a 2008, crescemos em média, 4,1% ao ano. Nos últimos dois anos, mais que 5%. O país gerou cerca de onze milhões de empregos com carteira assinada. O desemprego caiu fortemente, de 11,7% em 2003, para 8% hoje. As taxas de juros são as menores das últimas décadas.

Não só pagamos a dívida externa, como acumulamos reservas de 215 bilhões de dólares. E mais: reduzimos a miséria e as desigualdades. Mais de 30 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza. E destes, 20 milhões ingressaram na nova classe média, fortalecendo o mercado interno e dando vigoroso impulso à nossa economia.

O fato é que hoje temos uma economia organizada e em crescimento, que foi testada na mais grave crise internacional desde 29 e saiu-se muito bem. Não só não quebramos, como fomos um dos últimos países a entrar na crise e estamos sendo um dos primeiros a sair dela. Antes, éramos alvo de chacotas e de imposições. Hoje, nossa voz é ouvida lá fora com atenção e respeito.

A Petrobras de hoje é a cara deste novo Brasil. É a oitava maior empresa do mundo. Não existe nenhuma empresa, na Europa, do tamanho dela. Nas Américas, fica atrás apenas de três gigantes norte-americanas. E é a segunda empresa em lucratividade. E, entre as petroleiras, a segunda em valor de mercado no mundo.

A Petrobras chegou aí, entre outros motivos, porque este governo acreditou e investiu, dando condições para que ela aumentasse a produção, encomendasse plataformas, sondas, modernizasse e ampliasse refinarias, treinasse e contratasse funcionários. Além de construir uma grande infra-estrutura de gás natural e entrar na área de biocombustíveis.

O coroamento deste esforço foi exatamente a descoberta, pela própria Petrobras, das reservas do pré-sal. Um feito extraordinário, que encheu de admiração o mundo e de orgulho os brasileiros.

Minhas amigas e meus amigos,

Este é um governo que acredita no Brasil e no que ele tem de mais rico: o seu povo.

É por isso que propomos que os recursos do pré-sal sejam colocados em um fundo social, controlado pela sociedade, e que será aplicado, majoritariamente, em desenvolvimento humano. De um lado, o novo fundo será uma mega-poupança, um passaporte para o futuro, que nos ajudará, entre outras coisas, a pagar a imensa dívida que o País tem com a educação e a pobreza.

De outro lado, funcionará, também, como um dique contra a entrada desordenada de dinheiro externo, evitando seus efeitos nocivos e garantindo que nossa economia siga saudável, forte e baseada no trabalho e no talento de nossa gente.

Todos estes temas estão agora em discussão no Congresso Nacional e eu sei que contaremos, mais uma vez, com o apoio livre e soberano do Legislativo na construção deste novo Brasil.

Uma ação desta amplitude só pode ocorrer, de forma saudável, em um ambiente democrático. A democracia é o ambiente mais saudável para o crescimento.

O embate e a paixão política fazem parte do universo democrático, mas não podemos deixar que interesses menores retardem ou desviem a marcha do futuro.

Uma democracia só se fortalece com a participação da sociedade. Por isso se mobilize, converse com seus amigos, escreva pra seu deputado, seu senador, pra que eles apoiem o que é melhor para o Brasil.

O Brasil não tem medo de crescer, nem de buscar os melhores caminhos. Não vai ficar preso a dogmas, a modelos fechados ou a falsas verdades.

O Brasil acredita no livre mercado mas também no papel do estado como indutor do desenvolvimento. E saberá sempre buscar o equilíbrio que garanta o melhor para seu povo.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

É tempo de ampliarmos, ainda mais, a nossa esperança no Brasil. A independência não é um quadro na parede nem um grito congelado na história. A independência é uma construção do dia-a-dia. A reinvenção permanente de uma nação. A caminhada segura e soberana para o futuro.

Viva o 7 de setembro! Boa noite!"

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Unidade e defesa do PT marcam lançamento da candidatura Dutra


Unidade e defesa do PT marcam lançamento da candidatura Dutra

O ex-senador José Eduardo Dutra fez uma vigorosa defesa do PT e do governo Lula no ato de lançamento de sua candidatura à presidência nacional do partido, ocorrido na terça-feira (25) à noite no plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele concorre pela chapa Partido que muda o Brasil.

“Por diversas vezes os profetas do apocalipse pregaram o fim do PT. Com as greves, diziam que o radicalismo ia acabar com o PT. Quando caiu o muro de Berlim, na década de 90, com a consolidação do projeto neoliberal, em 1994, quando fomos derrotados e, o que é mais impressionante, até quando ganhamos profetizaram o fim do PT. Diziam que o PT não teria a capacidade de governar o país”, disse Dutra.

Depois, completou: “Quando começaram a ver os resultados do governo, eles passaram a dizer que era sorte. Em setembro de 2008 soltaram foguetes (com a crise internacional): agora vai! Mas o Brasil foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise”.

Dutra lembrou que os setores conservadores sempre tratam o PT com uma "alegria raivosa", citando uma expressão usada por Chico Buarque durante a crise de 2005. Disse que, naquela crise, PSDB, o DEM ficaram felizes por poder dizer que o PT era igual a eles.

“Mas o PT mostrou que não era igual a eles. Tivemos a ousadia de convocar os militantes e mais 300 mil compareceram e elegeram o presidente Berzoini. Temos problemas, mas temos a capacidade de apontar a esperança para o povo brasileiro”.

No fim do discurso, Dutra fez uma deferência especial a todos os presidentes do PT, de Lula a Berzoini, e disse que quer estar à altura deles.

Unidade

Participaram do ato, que lotou o plenário, dezenas de lideranças nacionais e regionais, entre ministros, governadores, prefeitos, deputados e senadores, além de dirigentes e militantes petistas de todo o país.

Também estiveram presentes três outros candidatos à presidência do PT: José Eduardo Cardozo, Iriny Lopes e Geraldo Magela. Eles afirmaram que estavam ali para mostrar o grau de unidade do partido, independentemente da disputa interna.

No discurso de abertura do ato, o presidente Ricardo Berzoini também destacou a presença dos candidatos como um fator de coesão.

“Isso mostra a coesão e a unidade partidária. Vamos passar por um processo de debate profundo e programático, mas também fraterno, porque todos compomos o partido que construiu o caminho para a mudança do Brasil”.

Orgulho petista

Todas as demais falas defenderam o PT das acusações sofridas nos últimos dias e destacaram a importância do partido no processo de mudanças pelo qual passa o país.

A senadora Ideli Salvatti levantou o plenário ao falar do “orgulho de ser petista” e de ajudar a construir um governo que está eliminando a miséria no Brasil.

“Para os envergonhados que saíram, quero dizer que tenho muito orgulho de ser do PT. Nada mais corrupto do que submeter a população à miséria. No governo Lula, na crise, enfrenta a pobreza. Temos orgulho da ética petista”, dissse.

Já o governador de Sergipe, Marcelo Deda, destacou que seus êxitos no comando do Estado não seriam possíveis sem o PT e sem a colaboração de aliados. Ele condenou a permanente campanha da mídia contra o partido.

“Nosso partido está unido. Os que nos acusam de aliancismo são os mesmos que nos acusavam de sectarismo. Os que nos acusam de senso de pragmatismo, nos acusavam de irresponsabilidade porque não nos somávamos ao projeto neoliberal. O ódio resulta porque a social-democracia vendeu a alma ao mercado. O ódio do DEM acontece porque o DEM não resiste a um exame de DNA. O melhor que podemos dizer dele é que é neto da Arena, sustentou a ditadura e governos patrimonialistas. Tenho orgulho de dizer que sou governador do PT”, disse Deda.