Os três principais partidos de oposição ao governo Lula foram os que mais perderam prefeituras no primeiro turno da eleição de domingo. O DEM deixará o poder em 176 cidades; o PSDB, em 109; e o PPS, em 70.
A reportagem é de Alan Gripp e Letícia Sander e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 07-10-2008.
Embora com desempenho aquém do projetado por sua direção, o PT sai das urnas com o maior crescimento no número de municípios. O partido tem atualmente 391 prefeitos, esperava chegar a 700 e saiu das urnas com 548 eleitos.
Mas, pelo critério de número de votos nominais, o grande vencedor no primeiro turno é o PMDB. Seus candidatos a prefeito receberam 18,4 milhões de votos, embora o número de prefeituras do partido tenha ficado praticamente estável (de 1.212 para 1.194).
A comparação foi feita entre os resultados parciais da eleição divulgados até o fechamento desta edição pelo Tribunal Superior Eleitoral e a lista dos partidos hoje no poder, elaborada pela CNM (Confederação Nacional de Municípios), a principal entidade municipalista do país. Esse cruzamento retrata mais fielmente a realidade política brasileira, pois contempla o troca-troca partidário desde 2004.
O TSE havia computado até o final da tarde de ontem os votos em 5.544 municípios -em 29 deles, a eleição será decidida somente no segundo turno.
Além do PT, o PTB e siglas que compõe o chamado "bloquinho de esquerda" foram os partidos que mais ganharam prefeitos. O PT fez 157 prefeituras a mais do que tem hoje e ainda disputa o segundo turno em 15 cidades, entre elas 3 capitais (São Paulo, Salvador e Porto Alegre).
O PSB obteve o resultado mais consistente entre as legendas do bloquinho - 95 prefeitos a mais do que os 214 que governa hoje, de acordo com os dados da CNM. O PTB terá a partir do próximo ano 35 prefeituras a mais, e o PDT, 33. PC do B e PV também cresceram - cada um ganhou no primeiro turno 21 prefeituras a mais.
Hoje, os 14 partidos que apóiam o governo Lula no plano federal têm 3.360 prefeituras, contra 1.852 governadas pelas demais siglas. Os três principais partidos de oposição no plano federal - PSDB, DEM e PPS - têm juntos 1.761.
No primeiro turno desta eleição, os partidos da chamada base aliada conquistaram 4.036 cidades, um crescimento de 20% em relação a hoje. Os demais enxugaram seus quadros - saíram do primeiro turno com 1.479, uma queda de 20%. PSDB, PPS e DEM fizeram 1.406 prefeituras, de acordo com os dados parciais do TSE.
Parte do declínio do DEM no número de prefeituras se deve ao fraco desempenho da sigla na Bahia, na primeira eleição após a morte do ex-governador Antônio Carlos Magalhães. O partido tem atualmente 116 prefeitos, de acordo com a lista da CNM. Neste primeiro turno, só elegeu 44, aponta o TSE. Se comparado ao resultado no primeiro turno da eleição de 2004, a derrocada do DEM fica ainda maior (71%) na Bahia. Naquele ano, a legenda chegou ao poder em 153 cidades.
O PMDB, comandando na Bahia pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), sai deste primeiro turno como o grande herdeiro do carlismo. Em 2004, os peemedebistas fizeram 20 prefeituras no Estado. Atualmente têm 57. Saem das urnas com 113.
O PT, do governador Jaques Wagner e que disputa com o PMDB o espólio político de ACM, elegeu 66 prefeitos no domingo - hoje tem 25, seis a mais do que elegeu em 2004.
Sob a liderança do governador Eduardo Campos, o PSB consolidou Pernambuco como um forte reduto do partido. Em 2004, a legenda fez 12 prefeituras no Estado. Agora, assegurou o controle de 49.
Considerando o número total de votos nominais computados até agora, o PT ficou em segundo lugar, atrás do PMDB, com 16,5 milhões de votos. Em terceiro, ficou o PSDB, com 14,45 milhões de votos, seguido do DEM, com 9,3 milhões, puxado pelo bom desempenho de Gilberto Kassab em São Paulo.
No fim da tarde, em reunião do conselho político, Lula ironizou a oposição, segundo relato de presentes: "Existem três partidos que estão muito nervosos: o DEM, porque perdeu muitas prefeituras, e o PSDB e o PPS, que perderam boas prefeituras".
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